Teles investem em novos dispositivos para a área de saúde

Se a Telefónica conseguir o que quer, algum dia seu joelho vai ligar para seu médico. Numa parceria com o Hospital de la Esperanza, de Barcelona, a companhia desenvolveu uma joelheira com sensores de movimento embutidos, que permite aos médicos monitorar a reabilitação dos pacientes a distância, depois que eles recebem alta hospitalar. Enquanto se exercitam, os pacientes – atualmente 200 deles testam o aparelho – podem ver seus movimentos simulados por meio de um “avatar” 3D em uma tela de computador. O médico também pode ver as imagens, já que os dados são enviados, sem fio, para seu PC ou telefone celular. A Telefónica almeja vender a joelheira para hospitais de todo o mundo quando os testes forem concluídos, em 2011.

Até recentemente, a única conexão entre telefones celulares e saúde era o receio de que os aparelhos pudessem provocar câncer ou acidentes de trânsito. Agora, as operadoras de telefonia móvel tentam tornar-se fornecedoras de serviços e produtos de assistência médica sem fio. O mercado, conhecido como saúde móvel, abrange de tudo, desde serviços de mensagens de texto para lembrar às pessoas de que precisam tomar seus remédios até implantes para monitorar o coração dos pacientes. Há até pílulas com chips de computador comestíveis; os chips enviam sinais para um adesivo na pele, que por sua vez transmite dados ao computador ou telefone celular do médico. A informação ajuda os médicos a acompanhar quando seus pacientes tomam os remédios e se há reações adversas. “[A comunicação] móvel tem potencial para revolucionar o sistema de assistência médica, melhorando a eficiência, reduzindo custos, expandindo o acesso à assistência e melhorando os resultados para os pacientes”, diz Alessio Ascari, chefe do projeto de saúde móvel da consultoria McKinsey em Milão, na Itália.

As operadoras de telecomunicações veem a saúde móvel como uma das três fontes futuras de receita, juntamente com a distribuição de conteúdo e publicidade. “Todas as teles deparam-se com o mesmo desafio: a banalização de nosso negócio principal, de voz e banda larga”, diz Álvaro Fernández de Araoz, diretor de assistência médica eletrônica da Telefónica. “Vemos a assistência médica sem fio como uma nova fonte importante de receita para obter crescimento.”

O mesmo ocorre com as demais grandes operadoras de telefonia celular. Orange (da France Télécom), AT&T Wireless, Sprint Nextel, Verizon, Vodafone e as japonesas NTT DoCoMo e KDDI vêm investindo em saúde móvel. A Vodafone, maior operadora de telefonia móvel do mundo, detectou o potencial da área há dois anos, quando seu fundo de capital de risco assumiu uma participação de tamanho não revelado na t+Medical, empresa que usa a tecnologia sem fio para monitorar condições de saúde e que tem origem na Oxford University. Em janeiro, a Vodafone abriu sua própria unidade de saúde móvel, em sua sede em Newbury, na Inglaterra, com um quadro inicial de 45 funcionários. Embora a Vodafone não divulgue quanto investirá no empreendimento, Joaquim Croca, chefe da área de sistemas de saúde da Vodafone, garante que a companhia está comprometida a desenvolver essas operações.

As operadoras estão ingressando em um campo abarrotado. Gigantes do setor de equipamentos médicos, como GE Healthcare, Philips e Siemens, além de fabricantes de chips, como a Intel, e incontáveis empresas iniciantes desenvolvem aparelhos de monitoramento a distância, sensores que podem ser “vestidos” e aplicativos para telefones celulares com funções relacionadas a questões de saúde, uma vez que os custos crescentes incentivam transferir a assistência aos pacientes do hospital para suas casas. “As operadoras sem fio deparam-se com um grande desafio porque enfrentam rivais bem enraizados que há anos vendem tecnologias para esse mercado de forma bem-sucedida”, diz Nicholas McQuire, diretor de pesquisas do IDC, em Londres. O número de aparelhos de saúde sem fio deverá aumentar de 300 mil, em 2009, para 5,2 milhões, em 2014, segundo a empresa de consultoria ABI Research. Nos Estados U