A dificuldade do poder público em coordenar o processo de planejamento de imunização da população contra a COVID-19 tem gerado não apenas críticas, mas a mobilização do setor privado.
A proposta é que haja colaboração entre as duas partes para acelerar a vacinação em massa e a retomada da economia.
Atualmente, a vacinação contra o coronavírus ainda está restrita à rede pública, mas a demanda pelos imunizantes já aquece o mercado de clínicas particulares, por exemplo, de olho no volume potencial de clientes.
Em declaração à imprensa, o presidente da Associação Brasileira de Clínica de Vacinas (ABCVac), Geraldo Barbosa, afirmou que a vacina contra a COVID-19 desencadeou uma expressiva procura de profissionais de saúde por informações sobre como abrir a própria clínica. “Temos a convicção de que a vacinação na rede privada só irá começar após estabelecido um ritmo conveniente de vacinação pelo setor público”, afirmou. “Historicamente já colaboramos com a ampliação da cobertura vacinal em diversas doenças, não devendo ser diferente neste momento”.
De acordo com Barbosa, entre 2016 e 2017 ocorreu um movimento semelhante ao atual, durante o período do surto da gripe H1N1, quando o número de clínicas de vacinação cresceu 60%. Na ocasião, a vacina foi liberada para o setor privado depois da vacinação no sistema público.
Segundo afirmação do ministro da economia, Paulo Guedes, uma campanha de vacinação em massa contra a Covid-19 custará cerca de R$ 20 bilhões
Diferentes frentes
As oportunidades para o setor privado vão muito além de clínicas de vacinação. Podem ocorrer em diferentes frentes, como pesquisa, produção e distribuição de imunizantes. Representaria uma oportunidade de levar saúde e conquistar fatias de um mercado gigantesco.
Os debates em torno do mercado de vacinas tomaram grandes proporções em função da atual pandemia. Mas se aplicam a qualquer imunizante.
As questões referentes à presença do setor privado no cenário de imunização contra a COVID-19, no entanto, ainda estão cercadas de polêmicas e indefinições.
Surgiram grupos de empresas de vários setores e com as mais diversas propostas.
Tudo indica que, por enquanto, uma das ações que deve sair do papel com mais rapidez diz respeito a uma parceria público-privada do movimento intitulado Unidos pela Vacina, capitaneado por Luiza Trajano, uma outsider do mercado de saúde.
De acordo com a empresária, o objetivo do movimento não é adquirir vacinas ou fazer doações, mas atuar na logística. “Vamos identificar gargalos e tentar agilizar pontes entre governo e burocracia a fim de destravar a vacinação”, afirmou.