Há quase 100 anos, a Sociedade Beneficente das Damas Israelitas - Froien Farain foi criada com a missão de promover justiça social, prestando assistência aos imigrantes judeus e ajudando-os a encontrar moradia e trabalho. De 30 anos para cá, a instituição também passou a receber idosos da comunidade que precisavam de um local para viver, fosse por falta de suporte familiar ou de recursos financeiros.
Ao longo destas três décadas, muitas mudanças internas aconteceram e trouxeram a necessidade de um reposicionamento do residencial, com o objetivo de unir o cunho beneficente da instituição a um novo conceito de hospedagem permanente ou temporária para idosos. Assim, a Instituição de Longa Permanência (ILPI) passou a receber o novo nome Bem Estar e também uma gestão técnica especializada na atenção à saúde do idoso, mas mantendo os valores judaicos de justiça social e de cuidado ao próximo, acrescidos de novos serviços necessários para atender melhor os moradores e seus familiares.
“Esse olhar permitiu identificar novas demandas, como, por exemplo, a contratação de um farmacêutico, uma vez que os moradores fazem uso de muitos medicamentos e há necessidade de melhor gerir técnica e clinicamente a assistência farmacêutica”, explica Advá Griner, gerontóloga e gestora técnica do Lar, que tem um compromisso com a busca permanente pela excelência nos cuidados, pautada no conforto, na segurança, na qualidade de vida e na modernização dos protocolos de atendimento.
“Lembrando que nossos residentes são idosos com diferentes graus de dependência, é importante destacar que alguns necessitam de apoio especial para executar atividades de autocuidado, como banho e alimentação, enquanto outros preservam uma rotina com mais autonomia. Cada morador possui a sua história particular e estamos preparados para atender de forma personalizada e interdisciplinar caso a caso, ajustando os cuidados às suas necessidades específicas, como psicologia, fisioterapia e terapia ocupacional, assim como às suas preferências e gostos”, conta a gestora.
Uma das novidades previstas para o Lar está relacionada à modernização do espaço, com a aquisição de dispositivos extras, como sensores de movimento nos quartos, ronda eletrônica e a instalação de um novo sistema de chamada de emergência, além de mudanças para melhor atender os moradores. “Estamos reformando os quartos, construindo um novo vestiário para os funcionários e planejamos o mesmo para o refeitório, salas de convivência e outros espaços comuns", complementa a gerontóloga.
Há também a preocupação com a qualidade do atendimento. “Nos inspiramos em iniciativas nacionais e internacionais para pensar a nossa excelência operacional, que se baseia em três pilares, o social, o ambiental e o econômico, à semelhança dos conceitos da sustentabilidade”, destaca Advá, que pontua, ainda, que as ações de responsabilidade social fazem parte do DNA da Instituição. "O que buscamos inserir, no primeiro momento, é a cultura do cuidado centrado no idoso e isso redefine toda a nossa política de contratação, treinamentos e tudo que interfere diretamente na experiência do residente. Para o futuro, já estudamos mudanças na infraestrutura e na forma de consumo dos recursos, de forma sustentável”, conclui.
Lar Bem Estar
Quando um idoso vai para uma casa geriátrica, a necessidade surge, normalmente, da dificuldade de oferecer suporte familiar, da complexidade dos agravos de saúde, da demanda pela reorganização dos recursos financeiros, do risco aumentado de acidentes, dentre outros. Em alguns casos, a família não tem mais confiança em deixar aquela pessoa sozinha em casa ou aos cuidados de terceiros; ou não consegue organizar uma estrutura de suporte adequada para atender ao idoso em todas as suas novas demandas.
É comum que os familiares se questionem se o idoso vai sentir falta da sua casa, se vai conseguir se adaptar ao novo espaço e às atividades com outras pessoas com as quais não está acostumado. Em muitos casos, inclusive, estas preocupações são potencializadas pelo sentimento de culpa e acabam adiando a tomada de decisão.
“A adaptação é um processo para o idoso, para a família e para a equipe. Nos primeiros dias, a atenção é extrema e a comunicação com a família é ativa. Existe um cuidado com cada recém- chegado, afinal, tudo é novo e assustador. Na segunda semana, o olhar já muda e já vemos sorrisos e saudações para os que transitam pelo Lar”, esclarece a gerontóloga.
Em relação às atividades oferecidas no Bem Estar, Advá ressalta que é bastante importante oferecer estímulos ao corpo e à mente, o que poucas famílias conseguem organizar ou financiar quando o idoso está em casa. "Além das várias atividades recreativas e terapêuticas, o nosso espaço e as rotinas são propícias à socialização e muitos idosos retornam ao convívio e à participação social, assumindo tarefas cotidianas e se sentindo mais integrados socialmente”, completa.
Mesmo que a família conte com bons recursos financeiros, é difícil orquestrar uma equipe multidisciplinar e proporcionar um atendimento integral em casa. O que se consegue é, diante de um problema pontual, chamar um determinado especialista ou ter diversos profissionais atuando individualmente, cada um olhando a sua área específica.
“No Bem Estar, os profissionais atuam em uma perspectiva interdisciplinar de cuidados, onde as diversas especialidades interagem e seus saberes se complementam. Cada profissional realiza o levantamento das principais necessidades do residente por meio do seu olhar técnico e contribui para os cuidados específicos de sua área. Dessa forma, a troca de conhecimento permanente e o espaço único, com todos os profissionais reunidos no mesmo local, favorece tal interação e atendimento”, enfatiza a gestora do Lar.
Um lar autossustentável
Manter uma instituição filantrópica, especialmente no Brasil, onde a busca por incentivos privados e públicos encontra inúmeros obstáculos, além do alto custo das atividades inerentes ao cuidado de idosos, exige mais do que boa intenção e vontade de ajudar. Por isso, foi preciso encontrar formas de financiar o trabalho assistencial desenvolvido pela Sociedade das Damas Israelitas ao longo dos anos.
Esse foi um ponto decisivo da transição para o novo Bem Estar.“O plano é tornar a instituição
autossustentável por meio do equilíbrio financeiro, com uma estratégia que vai ao encontro, também, do desejo de destinar os recursos obtidos pela instituição gestora a outros projetos de assistência social.", destaca Ana Clara Antaki, presidente do Froien Farain.
Por meio desta renovação, o Bem Estar garante sua sobrevivência e o cumprimento de sua missão de oferecer atendimento humanizado e de qualidade a idosos e suas famílias.
