A Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) recebeu na última quarta-feira (1º) o presidente do Conselho Executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), o cardiogista húngaro Mihaly Kökény, para a palestra Desafios e perspectivas de uma nova arquitetura global para a saúde e o papel da OMS. O evento foi promovido pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz). Na ocasião, Mihaly abordou os impactos da arquitetura global para a saúde e a experiência da OMS.
Além de Mihaly, a mesa contou com a vice-diretora de Pós-Graduação da Ensp, Maria Helena Mendonça, e o ex-presidente da Fiocruz e representante do Brasil no Comitê Executivo da OMS, Paulo Buss, eleito vice-presidente para o período de um ano, até maio de 2011. Buss falou sobre o Comitê Executivo da OMS, composto por 34 países de todas as regiões do mundo e que, representando os 193 Estados-membros, efetivamente dirige a Organização. A vice-diretora, por sua vez, destacou a importância de receber um representante da OMS e a relevância do tema saúde global.
Mihaly iniciou sua palestra falando sobre a globalização, utilizando a definição do Instituto Levin, da Universidade Estadual de Nova York, segundo o qual trata-se de “um processo de interação e integração entre as pessoas, empresas e governos de diferentes nações, conduzido pelo comércio e pelo investimento internacional e ajudado pela tecnologia da informação. Esse processo tem efeitos sobre o meio ambiente, a cultura, os sistemas políticos, o desenvolvimento econômico e próspero, e o bem-estar físico das sociedades ao redor do mundo”.
Em seguida, Mihaly falou sobre a saúde global que, segundo ele, se refere às questões de saúde que transcendem fronteiras nacionais e governamentais e exigem ações para influenciar as forças globais que determinam a saúde das pessoas. Ela exige, ainda, novas formas de governança em nível nacional e internacional, que procurem incluir uma ampla gama de atores – Mihaly utilizou a definição usada por Ilona Kickbusch no Seminário do Fórum Nobel de 2009, em Estocolmo.
O presidente do Conselho Executivo da OMS destacou também alguns dos principais desafios globais no século 21, entre eles as crises interdependentes como alterações climáticas, escassez de recursos, alimentos, saúde, crises financeiras, proliferação nuclear; a não existência de uma potência mundial dominante; a realização de novas alianças; o aumento das desigualdades dentro e entre os países; e a migração, entre outros. Mihaly falou ainda sobre o princípio da igualdade e a redução das desigualdades na área da saúde.
“Por que a saúde entra na agenda global?”, perguntou Mihaly. De acordo com ele, uma agenda de segurança engloba pandemias globais e disseminação intencional de doenças e riscos. Já uma agenda econômica, disse, envolve o impacto econômico de uma saúde ruim em matéria de desenvolvimento, os surtos do impacto econômico sobre a pandemia no mercado, a importância econômica do setor saúde e de setores como alimentos, fumo, produtos farmacêuticos e bens e serviços em relação à saúde.
Por fim, Mihaly abordou os desafios de governança para a OMS. Segundo ele, são necessários links para os novos atores globais de saúde e os sistemas intergovernamentais, em particular a OMS, além de envolver-se em novas formas com os diversos atores não-saúde que possam influenciar a saúde, tanto positiva como negativamente e desempenhar a sua função de coordenação em relação ao desenvolvimento de instrumentos jurídicos com uma ampla gama de jogadores. E concluiu com uma frase de Mark Twain: “Mesmo estando na estrada certa, você será atropelado se ficar apenas sentado nela”.
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Desafios para saúde global e o papel da OMS
Segundo presidente do Conselho da OMS, escassez de recursos, crises financeiras, estão entre os principais desafios globais
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