O Distrito Federal tem se tornado um importante polo de transplantes no Brasil, sendo o quarto lugar entre os que mais realizam este tipo de cirurgia, segundo balanço recente divulgado pelo Ministério da Saúde. No primeiro semestre de 2012, o número de transplantes em todo país cresceu 12,7% em relação ao mesmo período do ano passado. No DF, a alta representa 76%.
Incrementando esse quadro, médicos do Hospital Santa Lúcia realizaram o primeiro transplante de ossos no DF. O feito ocorreu em 30 de novembro de 2012 pelas mãos dos ortopedistas Marcelo Ferrer, Luciano Ferrer e Maxwell Gonçalves. O procedimento durou três horas e foi realizado na paciente Cáritas Ribeiro, 80 anos, que recebeu a parte distal do fêmur para recuperar fratura proveniente de um tombo sofrido em 2011. Segundo a instituição, após diversas tentativas frustradas, e em função de avançado quadro de osteoporose, a saída foi realizar o transplante. “Ela está reagindo super bem, e não apresentou qualquer rejeição na área transplantada”, comemoram os médicos.
É a primeira vez que um hospital no DF consegue cumprir todas as normas e completar o credenciamento exigido pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado de Saúde do DF para realizar tal procedimento. “No Brasil, a legislação que regula esse tipo de transplante é bastante rígida. Por isso, essa liberação é um grande passo para a cidade, que possui diversos pacientes à espera de uma oportunidade de realizar a cirurgia, mas que precisavam se deslocar de Brasília para outros estados”, explica Ferrer. De acordo com o especialista, a técnica também abre perspectivas para o tratamento de perdas de tendões e de ligamentos. “É um avanço para a Ortopedia de Brasília, que é reconhecida em todo o país. Estamos muito felizes de poder abrir esse caminho na capital federal”, alegra-se.
O procedimento é utilizado para repor perdas e segmentos de ossos, no caso da retirada de tumores e próteses, ou ainda em lesões ocasionadas por acidentes e traumas diversos. Geralmente, é realizado em pacientes de idade, vítimas de queda e que não tiveram sucesso em quaisquer das variadas terapias empregadas para a colagem de fraturas. “Após o esgotamento dos métodos disponíveis, é indicado o transplante de ossos, sempre provenientes de doadores mortos”, explica o coordenador, Dr. Marcelo Ferrer. Segundo ele, esses ossos são armazenados em um dos três únicos bancos do tipo no Brasil, localizados em Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo.
Após apenas 13 dias de internação, dona Cáritas recebeu alta hospitalar.
Hospital Santa Lúcia realiza primeiro transplante de ossos no DF
Equipe médica de Brasília e hospital obtêm credenciamento do Ministério da Saúde para realizar cirurgia inédita na capital
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