O Mapa da Transformação Digital dos Hospitais Brasileiros 2024 revelou uma importante lacuna entre intenção e execução. Apesar de 60% das instituições de saúde reconhecerem o papel estratégico das iniciativas digitais na melhoria da eficiência e qualidade dos serviços, a ausência de uma direção clara ainda impede a implementação de projetos.
O relatório, elaborado pela FOLKS, baseia-se na análise de 189 hospitais em todo o país. Ele mostra que, embora 62% dos gestores incluam o digital em seus planos estratégicos, apenas 18% possuem estratégias claramente definidas. A falta de governança e planejamento coordenado, somada a investimentos pouco direcionados, tem limitado o potencial de transformação digital no setor.
“Sem uma estratégia robusta, o setor continuará sobrecarregado, incapaz de aproveitar plenamente o potencial das tecnologias para melhorar a experiência dos pacientes, a eficiência operacional e a segurança,” afirma o Dr. Claudio Giulliano, CEO da FOLKS.
Desafios para a digitalização completa
Um dos principais obstáculos destacados no relatório é a falta de competência digital entre gestores e equipes de TI, que raramente contam com especialistas em informática clínica. Como resultado, apenas 9% das instituições alcançam o status de full paperless. Esse cenário reduz significativamente os benefícios da digitalização em termos de eficiência, qualidade no atendimento e segurança da informação.
O estudo também alerta para a tendência de focar na aquisição de tecnologia antes de preparar equipes e processos. Apenas 26% dos hospitais conseguem alinhar a adoção tecnológica a estratégias de longo prazo, o que frequentemente resulta em iniciativas fragmentadas e pouco efetivas.
“Menos de 4% das instituições estruturam suas operações antes de adotar novas soluções, o que compromete iniciativas digitais em sua totalidade,” explica Bernardo Alves, Gerente de Estratégia da FOLKS.
Índice de maturidade digital: resultados médios e lacunas
O Mapa da Transformação Digital utiliza o índice de maturidade digital (DMI-H) para avaliar os hospitais em cinco domínios: Serviços e Aplicações, Dados e Informações, Estrutura e Cultura, Infraestrutura e Arquitetura, e Estratégia e Governança. A maturidade média geral foi de 46,19%. Estrutura e Cultura teve o menor índice (38,63%), enquanto Infraestrutura e Arquitetura liderou com 58,55%.
“É comum que se foque mais na tecnologia e menos nos aspectos culturais e organizacionais, que são fundamentais para uma transformação genuína,” observa o Dr. Leandro Miranda, Líder Médico de HealthTech da FOLKS.
Eficiência e redução de custos como prioridades
Com recursos limitados, os hospitais enfrentam o desafio de equilibrar projetos inovadores e estruturantes com objetivos claros de retorno clínico, operacional ou financeiro. A fragmentação de esforços em sistemas isolados gera ineficiências e custos elevados. Para superar isso, o relatório recomenda investir em governança sólida e equipes multidisciplinares com competências clínicas e tecnológicas.
“Além de estruturar processos e capacitar equipes, é essencial engajar profissionais de saúde e pacientes por meio de jornadas digitais bem planejadas. Isso melhora a experiência e a satisfação de todos os envolvidos,” reforça Giulliano.
Cultura digital e liderança estratégica
O DMI-H não apenas diagnostica a maturidade digital, mas também orienta os próximos passos. “A transformação digital precisa ser vista como uma jornada estratégica que envolve a criação de uma cultura digital e a formação de lideranças capacitadas para promover mudanças reais e sustentáveis,” conclui o CEO da FOLKS.
Entre as recomendações, o relatório sugere:
- Estabelecer governança robusta e estratégias digitais bem estruturadas.
- Integrar tecnologias às estratégias organizacionais, priorizando pessoas e processos.
- Investir na capacitação digital de equipes multidisciplinares.